terça-feira, 20 de setembro de 2011

Saudade é assim: a gente mata uma pra deixar nascer outra.

Saudade é um resquício do que foi bom. Mas se é bom porque dói tanto? Aperta e suspende o ar. Uma vez desisti de ter saudade. Mas ela não desistiu de mim; resolveu me assombrar nas fotos, inbox, horas e ausências. Se impregnou no eco do meu quarto. No oco do meu abraço. Um riso surdo no meu ouvido. E tomou conta de mim. Já não era só eu. Eu também era parte da saudade e ela era parte de mim. Dividíamos a mesma cama vazia, a mesma lágrima sentida, o mesmo suspiro reprimido. A nossa gaveta abarrotada de lembranças saindo pelo ladrão! Procuro. Vasculho. Encontro. Revejo. E parto. Com a saudade. De quem foi, de quem faz parte de mim. De quem faz parte dela. Recorto afetos e colo em mim. Só assim pra maquiar, tentar anestesiar. Levo comigo cada um que a saudade condenou ser sentido. Saudade dói porque é uma presença ausente. E uma ausência presente.



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